A governadora do Sarre, Annegret Kramp-Karrenbauer (a esquerda na foto), foi indicada nesta segunda-feira (19/02) pela presidente da União Democrata Cristã (CDU), a chanceler Angela Merkel, para ser a nova secretária-geral do partido, em substituição a Peter Tauber, que anunciara sua renúncia neste domingo.
O cargo, o segundo mais importante na hierarquia partidária, já foi ocupado pela própria Merkel entre 1998 e 2000 e pode significar um grande impulso na carreira. A nomeação de Kramp-Karrenbauer, também conhecida pelas marcantes iniciais AKK, pode reafirmar essa lei não escrita da política alemã. É o que indicam as primeiras reações nas redes sociais, de que Merkel estaria, na prática, encaminhando sua sucessão.
Isso, claro, é especulação. Certo é que Kramp-Karrenbauer é uma pessoa de confiança de Merkel. Ambas pensam de forma semelhante e representam uma CDU moderna, que se mostra aberta em questões sociais e corteja o Partido Verde como possível parceiro numa coalizão de governo.
As personalidades de ambas também se assemelham: calmas, de presença discreta, sempre inclinadas a uma avaliação sóbria dos fatos. O cientista político Karl-Rudolf Korte descreve a geração de políticos que se formou em torno de Merkel como condizente com o "anseio dos alemães por estabilidade e orientação".
Korte descreve a imagem de Merkel como "de certa forma impassível e sóbria, porém séria e autenticamente a serviço dos eleitores, alheia a seus próprios interesses." Kramp-Karrenbauer também se encaixa nessa descrição. Mas, por detrás dessa imagem, tanto Merkel quanto AKK possuem ambições políticas muito elevadas.
Uma governadora forte
Merkel já vinha há muito tentando levar para Berlim a mulher que, desde 2011, governa o pequeno estado do Sarre, na fronteira com a França. Kramp-Karrenbauer faz parte do diretório da CDU desde 2010, ou seja, Merkel e a política de 55 anos já trabalham juntas há muitos anos dentro do partido. O nome de AKK também já foi cogitado para o cargo de presidente da Alemanha.
Diferentemente da protestante Merkel, Kramp-Karrenbauer é católica, além de ser mãe de três filhos. Ela tem um humor diferente. Recentemente participou de um evento carnavalesco e fez um tradicional discurso satírico de Quarta-Feira de Cinzas, conhecido na Alemanha como Bütten-Rede – algo difícil de imaginar para Merkel.
Cerca de um ano atrás, AKK obteve na eleição para governador um resultado surpreendente de quase 40% dos votos para a CDU no Sarre. Pela segunda vez, ela forjou uma coalizão de governo com os social-democratas, ou seja, uma "grande coalizão".
Em dezembro de 2017, uma pesquisa indicou que 45% dos membros da CDU disseram ver Kramp-Karrenbauer como uma sucessora apropriada para Merkel. O percentual foi superior ao de qualquer outro político da CDU incluído no levantamento.
Rejeição a uma guinada à direita pela CDU
Alguns meses atrás, a notícia de que Merkel optou por AKK passaria quase despercebida para muitos observadores políticos, já que não seria nada de inesperado. Mas, nos dias atuais, há muito mais por detrás dessa escolha.
Fonte: DW
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