A Alemanha é considerada um país rico em recursos hídricos – até agora. Contudo, as mudanças climáticas estão tornando os verões mais quentes e mais secos, mesmo entre os Alpes e o Mar do Norte.
Calor, seca, incêndios: florestas alemãs sofrem em consequência da mudança climática |
Em consequência, paisagens definham, áreas úmidas secam, florestas queimam. Os rios deixam de funcionar como artérias de tráfego, por não conterem mais volume suficiente à navegação. À medida que cai o nível da água subterrânea, aumenta a apreensão quanto ao futuro.
Um exemplo é a localidade de Leisel, nos limites da serra de Hunsrück, oeste alemão. Sua população se revolta com duas companhias de água mineral que querem perfurar poços no meio do parque natural Hunsrück-Hochwald, a fim de aumentar sua produção.
Os moradores temem que seus próprios poços posam secar. "A expansão da retirada de água no parque nacional é sequer permissível?", questiona o hidrólogo Holger Schindler. Neste caso, as perfurações de teste aparentemente são legais, tendo sido requeridas e aprovadas pouco antes da criação do parque, em 2015.
Ao todo, Schindler tem observado um declínio da recarga da água subterrânea, e conta com um agravamento dos conflitos regionais em torno dos recursos hídricos, também na Alemanha.
Natureza e cidade em briga pela água
Conflitos motivados pela água ocupam cada vez mais os tribunais da Alemanha. Na cidade de Lüneburg, no norte do país, por exemplo, corre um litigio com a Hamburg Wasser. Há 20 anos ela abastece a segunda maior cidade do país com água da área da Charneca de Lüneburg. Em 2019, a região limitou o volume de extração por considerações ecológicas, porém agora a operadora e está processando, pois quer expandir consideravelmente seus volumes.
É comum haver um descompasso entre as cidades e as áreas circundantes, e a competição entre as necessidades dos centros urbanos e a proteção da natureza é especialmente evidente em Heid, ao sul de Frankfurt, no estado de Hesse.
Há décadas água tem sido bombeada de lá para a metrópole à margem do rio Meno, resultando na queda do nível do lençol freático, com sérias consequências para a floresta. Em 2013, aliás, um estudo da Universidade de Göttingen já constatava que "as matas da área do Reno-Meno estão entre as zonas de risco florestal da Europa Central". E uma das causas é a demanda hídrica.
"Estamos falando de décadas de competição pela água entre a cidade de Frankfurt e as cercanias", explica Dieter Borchardt, pesquisador-chefe para recursos hídricos e meio ambiente do Centro de Pesquisa Ambiental Helmholtz. Ele diagnostica um uso exagerado das reservas, ao ponto de ás vezes o solo ceder, causando "danos aos edifícios [de Frankfurt] e sérias disputas sobre qual seria a razão".
Fonte: DW
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