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Os 150 anos da proclamação do Império Alemão

Pintura de Anton von Werner que retrata a proclamação do Império Alemão em 1871

Em 18 de janeiro de 1871, na esteira da Guerra Franco-Prussiana, o chanceler Otto von Bismarck, o rei prussiano Guilherme 1º e delegações de príncipes alemães oficializavam o antigo objetivo de unificar a Alemanha.

Galeria dos Espelhos do Palácio de Versalhes, em Paris, 18 de janeiro de 1871. A luz de 32 lustres de prata se multiplicava pelo reflexo das paredes ao longo do salão de 73 metros. Flores, laranjeiras e móveis barrocos luxuosos compunham o cenário ao redor de centenas de pessoas em trajes de gala e uniformes militares. Lá estavam o rei prussiano e sua corte, muitos príncipes alemães e numerosos militares de alto escalão exibindo suas medalhas.

O coral encerrou a cerimônia religiosa encomendada pelos soberanos alemães no palácio real do inimigo já praticamente derrotado. Mas não era a missa que eles celebravam. Eles vieram para concretizar um velho sonho alemão: o sonho do Império Alemão, o sonho de ter novamente um imperador. Aos 71 anos, Guilherme 1º, rei da Prússia, era proclamado imperador alemão pelos príncipes presentes. O pintor Anton von Werner foi testemunha ocular do evento e o documentou a cena numa pintura produzida em 1885.

Na cerimônia cheia de ostentação, o escolhido não se sentia muito confortável. Na véspera, havia escrito: "Assumo um império apenas nas aparências. Não serei mais do que um 'presidente'. Mas se já chegamos até aqui, tenho de carregar esta cruz. Amanhã me despedirei da velha Prússia, à qual sempre estive ligado e sempre estarei. Nem consigo expressar como me sinto desesperado."

O papel de Bismarck


Uma pessoa, ao menos, estava mais do que satisfeita. Afinal o restabelecimento do Império era basicamente obra sua, cujos frutos ele finalmente podia colher após longos anos de trabalho: Otto von Bismarck, primeiro-ministro prussiano e primeiro chanceler (chefe de governo) do Império recém-fundado.

Demorou longos anos até que a colcha de retalhos Alemanha, com seus pequenos principados e reinos, formasse um Estado nacional único, sob liderança da Prússia, o estado alemão mais poderoso. O reino de Guilherme 1º e Bismarck travou três guerras para atingir seu objetivo: em 1864, contra a Dinamarca, em 1866, contra a Áustria, e em 1870/71, contra a França.

Através da guerra contra a França, Bismarck conseguiu despertar o entusiasmado espírito nacional que lhe permitiu conquistar a adesão dos principados que ainda resistiam à unificação nacional. No fim de 1870, chegara a hora. Confederação da Alemanha do Norte rebatizou-se como Império e, em vez de uma presidência, passaria a ter um imperador. Apenas o rei Ludwig da Baviera hesitava ainda em declarar sua adesão.

Data histórica para a Prússia


Na última noite de 1870, o príncipe herdeiro da Prússia e futuro imperador Frederico 3º anotou em seu diário: "O imperador declarou não desejar fazer qualquer manifestação amanhã, porque a Baviera ainda não aderiu. Por outro lado, Delbrück comunicou que, hoje à noite, já estará impressa em Berlim a nova Constituição Imperial, que entrará em vigor amanhã, proclamando o imperador e o Império. Bismarck, que eu encontrei na cama e cujo quarto mais parece um verdadeiro depósito de tralha, desaconselhou uma proclamação sem a adesão da Baviera. Então, o remeti à histórica data de 18 de janeiro, com o que ele pareceu concordar."

De fato, não teria havido dia melhor para encenar o novo capítulo da história nacional, pois o 18 de janeiro era um dia santo para os prussianos. Neste dia, 170 anos antes, em 1701, o príncipe eleitor de Brandemburgo fora coroado como o primeiro rei da Prússia. Desde então, a data era lembrada todos os anos.

E a encenação foi bem-sucedida. Embora o Império já existisse formal e juridicamente há algumas semanas, a proclamação festiva de Guilherme 1º em Paris como imperador (kaiser, em alemão) entrou para os livros de história como a data de fundação do Império Alemão, ou Segundo Reich.

A cidade prussiana de Berlim foi escolhida como capital do Império Alemão e Bismarck se tornou o chanceler da nova nação. Estava aberta uma nova era de progresso para o território. Bismarck, que passou a ser conhecido como "chanceler de ferro", foi celebrado em milhares de monumentos espalhados pela Alemanha e o país começou a assumir uma postura mais influente em questões globais.

A data seria celebrada todos os anos até a primeira metade da década de 1930, quando o costume foi abandonado pelo regime nazista. As duas Alemanhas que surgiram após a derrota na Segunda Guerra Mundial também não abraçaram a data. A Alemanha Oriental aboliu celebrações no seu calendário. Já a Alemanha Ocidental só assinalou o episódio em 1971, por ocasião dos 100 anos.

Fonte: DW

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