Jacobina Mentz Maurer |
Falar sobre os Muckers tem sido uma grande fonte de pesquisa para historiadores e genealogistas, visto que o episódio envolvendo o casal João Jorge e Jacobina Maurer é de uma riqueza impressionante.
Já falamos aqui no blog sobre este intrigante casal, de cuja familia temos ascendentes comuns. João Jorge Maurer era filho de Carl Maurer e Maria Barbara Volz, esta por sua vez era irmã de meu trisavô materno Jacob Voltz.
Agora é a vez dos psicológos tentarem entender o movimento Mucker. Em interessante artigo, a Psicóloga Clínica e Mestre em Ciências da Religião Heloisa Mara Luchesi Módolo fala sobre os delírios religiosos como possibilidade de estruturação psíquica :
"Foi no Rio Grande do
Sul, especificamente na atual cidade de Sapiranga que, entre os anos de
1870 a 1874, desenrolou-se um fenômeno religioso único no Brasil: um
movimento messiânico milenarista (1) protestante, que se deu num grupo
étnico bem definido, composto por imigrantes alemães, e que foi liderado
por uma mulher, Jacobina Mentz Maurer. Teve um final trágico, pois os
colonos envolvidos - e que se tornaram conhecidos como os Mucker - foram
atacados e perseguidos. Alguns fugiram, os líderes foram executados
pelo exército imperial e enterrados, todos juntos, numa vala comum.
Morta Jacobina, com apenas 32 anos, poderíamos imaginar que o movimento Mucker estava definitivamente encerrado. Mas o fenômeno Mucker, com suas histórias e mitos, ainda continuou a existir nos relatos, nos jornais, na memória e no imaginário do povo, repercutindo de tal forma durante muitos anos, que não seria honesto dá-lo por finalizado simplesmente com a morte da sua líder.
Há documentos que relatam perseguições aos poucos Mucker sobreviventes e a seus familiares vinte e quatro anos após o fim do movimento. Ainda se atribuía aos Mucker qualquer assassinato ou acontecimento estranho que ocorresse na região. Edições de um jornal de Sapiranga que datam de 1956, oitenta e dois anos depois do ocorrido, colaboraram para a continuidade das informações distorcidas, e essas representações negativas contribuíram para a formação de um imaginário coletivo que legitima os Mucker como os verdadeiros e únicos culpados de todos os acontecimentos.
Alguns acadêmicos, no desenvolvimento de suas pesquisas sobre o movimento, sentiram enorme dificuldade e em alguns casos total impossibilidade de entrevistar familiares de Mucker que ainda vivem na região.
Todos esses fatos denotam como essa “ferida” histórica se manteve viva, mesmo depois de tantos anos. O mito perpetuou-se através do tempo, e segundo a historiadora Janaina Amado, até hoje é um assunto maldito e sinônimo de horror e vergonha para muitos.
Conscientes do sofrimento que essas visões parciais e distorcidas causaram ao longo dos anos nessas pessoas e nessa comunidade, evidenciaremos aqui uma outra face dessa história: o lado “bem dito” dos Mucker..."
Fonte: IJRS - Instituto Junguiano
3 Comentários
É pena! O linque para uma outra face dessa história: "O lado “bem dito” dos Mucker" está bloqueado!!!
ResponderExcluirOlá André Luiz,
ExcluirO link está corrigido!!! Obrigado pela dica e comentário
Abraço
Geraldo
Agora, ok! Obrigado!
ResponderExcluirObrigado pelo seu comentario!!! Volte Sempre!!!