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Carvalho, um presente sagrado

Lissi Bender e Nasario Eliseu Bohnen plantando muda de carvalho
Desde tempos imemoriais, árvores são consideradas sagradas para diferentes povos, também para o povo germânico.

E mesmo em tempos atuais a pequena Alemanha, superpopulosa, preserva 1/3 de suas terras cobertas por florestas e anualmente elege a árvore do ano. Em Tübingen existe uma alameda de Plátanos sobre a ilha do Neckar, que serpenteia a cidade. Estas árvores contam em torno de 200 anos de idade e foram declaradas patrimônio da cidade.

Para ilustrar o valor e a sacralidade das árvores, transcrevo um excerto do conhecido escritor Hermann Hesse: “Bäume sind für mich immer die eindringlichsten Prediger gewesen. Ich verehre sie, wenn sie in Völkern und Familien leben, in Wäldern und Hainen. Und noch mehr verehre ich sie, wenn sie einzeln stehen. Sie sind wie Einsame ... wie große, vereinsamte Menschen, wie Beethoven und Nietzsche. In ihren Wipfeln rauscht die Welt, ihre Wurzeln ruhen im Unendlichen; ....Nichts ist heiliger, nichts ist vorbildlicher als ein schöner, starker Baum … “

Ou seja: “Árvores serão para mim sempre as mais expressivas pregadoras. Eu as reverencio, quando vivem em famílias, em florestas e bosques. E mais ainda as reverencio, quando vivem sozinhas. Elas são como pessoas solitárias. .... como grandes e solitários homens, como Beethoven e Nietzsche. Em suas copas farfalha o mundo. Suas raízes repousam no infinito, ... Nada é mais sagrado, nada é mais exemplar do que uma bela e forte árvore.”

Deveras, árvores, florestas e seu sentido sagrado estão entranhados na cultura germânica. Entre elas, a Eiche – o Carvalho – está profundamente enraizada na mitologia, nas lendas. Desde sempre o ser humano procurou o divino e o eterno e, foi no Carvalho que o antigo povo germânico os encontrou. Quando os Romanos invadiram terras germânicas, estranharam a ausência de templos. Não sabiam eles que as florestas eram seus templos, o Carvalho seu altar. A crença de que nas grandes e longevas árvores habitam boas almas, perpassa o tempo e encontra adeptos ainda hoje. E mesmo nos contos dos irmãos Grimm dificilmente se encontra um, em que a floresta não esteja presente, e Carvalhos habitam por toda Alemanha, muitos deles centenários.

O carvalho é longevo, pode alcançar mil e trezentos anos e está prenhe de significados. Ela é símbolo de fidelidade, de estabilidade, de perseverança. A Eiche está presente nas mais diferentes manifestações culturais. As folhas, os ramos de Eiche se fazem presentes em memoriais, em coroas, em emblemas em condecorações, e sinalizam para o seu significado. Este conteúdo acompanhou os imigrantes ao seu novo lugar de viver. Quando se contempla no Museu do Colégio Mauá as medalhas conferidas aos vencedores nos jogos dos Verein em Santa Cruz, encontra-se nelas cunhada uma folha de Carvalho. Durante as celebrações dos 75 anos da chegada dos primeiros imigrantes à Alte Pikdade, foram plantadas dois Carvalhos na frente da igreja do Geißenberg. A Eiche igualmente está presente em outras regiões de colonização alemã no Estado. Ela pode ser vista, por exemplo, no brasão de Panambi. Para a etnia alemã, muito presente no sul do Brasil, ela simboliza também a sua ligação com a morada de onde vieram os ancestrais, seu vínculo com as suas raízes.

A Associação Amigos da Praça do Chafariz, a APRIZ plantará uma Eiche alemã na praça do Chafariz e, dessa forma, se associa às celebrações em homenagem aos 170 anos de imigração alemã em Santa Cruz, em grande parte organizadas pela comissão 170 anos. Esta comissão é composta por diferentes segmentos governamentais, sociais e culturais, e presidida pelo Rotary Cidade Alta. Dia 21 de setembro, às 9:30 horas será o grande momento de homenagem da APRIZ. Um tributo por meio do qual se irmana com as demais celebrações. Com a plantação da Eiche a APRIZ também reverencia a presença sagrada das árvores que fazem de Santa Cruz do Sul um lugar abençoado e diverso de outros.


Por Lissi Bender, doutora em Ciências Sociais (Antropologia Cultural), membro da APRIZ, da Comissão 170 anos e delegada da FECAB (Federação dos Centros de Cultura Alemã no Brasil).

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