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Uma carta que contradiz a existência do Veleiro Cäcília, mito fundante de Dois Irmãos

Réplica do Veleiro Cäcília exposta na sala de reuniões da Prefeitura de Dois Irmãos. (Créd. Cleiton Zimer)
Convidado pela prefeita Tânia Teresinha da Silva para ser o patrono da 30ª Feira do Livro de Dois Irmãos, que acontece dos dias 6 a 10 de novembro, o pastor luterano, professor e historiador brasileiro Martin Norberto Dreher, apresenta uma nova teoria sobre o Veleiro Cäcília, a partir dos estudos que recebeu de um pesquisador alemão, chamado Friedrich F. Hüttenberger.

De acordo com Martin, Dois Irmãos sempre viveu a partir de uma história, mas essa história começa a ser relida com as descobertas de Hüttenberger que, ao procurar por seus parentes, encontrou uma nova carta. Esse documento traz uma perspectiva diferente ao até então conhecido Veleiro Cäcília, que é o mito fundante da cidade de Dois Irmãos e, sobre o qual, se constitui uma cultura religiosa que se perpetua por 190 anos, através das tradicionais comemorações do Kerb de São Miguel.

De acordo com as pesquisas apresentadas, e sobre as quais brevemente será lançado um livro, os imigrantes alemães, de fato, teriam enfrentado um naufrágio, mas não saíram do Porto de Bremen e, tampouco, embarcaram em um navio chamado Cäcília.

Ao se aprofundar em suas pesquisas, Hüttenberger, que é da cidade de Kaiserslautern – sul do estado da Renânia-Palatinado, na Alemanha, entra em contato com Martin.

Martin faz alguns apontamentos sobre o mito do Veleiro Cäcília


  • “A história de Dois Irmãos e de seu Kerb anual, festejado a 29 de setembro, não está ligada a um navio designado de Cäcilia, cuja existência não está documentada na Europa, mas ao navio Helena & Maria”.
  • “Sua partida da Europa não aconteceu a partir do porto de Bremen ou de Bremerhaven, mas a partir do porto de Amsterdam-Texel, como se depreende da carta de Johannes Weber e de jornais holandeses da época”.
  • “Seu porto de acolhida na Inglaterra não é Plymouth, mas Falmouth, também confirmado pela carta de Johannes Spindler”.
  • “O veleiro não foi abandonado pelo Capitão Kerstens e tripulação”.
  • “Os mastros foram arrancados pelo temporal e não pela machadinha de Felipe Schmitz ou de Altmayer”.
  • “Também não confere que os náufragos tenham permanecido por dois anos na Inglaterra, mas de 13 de janeiro de 1828 a 3 de janeiro de 1829; por quase um ano, portanto”.
  • “O transporte dos náufragos ao Brasil foi feito com o James Laing, que partiu de Falmouth a 3 de janeiro de 1829”.
  • “Os textos de Gansweidt e de Amstad, escritos em 1924, reduziram a história do grupo de emigrantes ao vale do Mosela e excluíram aqueles que saíram do vale do Glan e do Hunsrück, transformando a história de Dois Irmãos em uma história católico-romana. Será que essa redução não tem a ver com o processo de romanização da época?”
  • “A redução também levou a que fosse excluída a sorte daqueles que não puderam embarcar no Helena & Maria, que foram separados de suas famílias e posteriormente assentados em Santo Amaro/SP”.
  • “Esquecido está o fato de que a atabalhoada partida de Amsterdam-Texel se deveu a briga de ordem confessional: “os do rio Mosela haviam começado grande briga conosco e com o capitão, pois diziam, vamos jogar o capitão com todos os luteranos na água”.
  • “Os acontecimentos do Helena & Maria (vulgo Cäcilia) não estão envoltos em piedade, mas “infelizmente não em nome de Deus, mas em impropérios, maldições e juras, pois tínhamos todo o tipo de pessoas no navio”.
Fonte: O Diário

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